terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

“Amor Palavra Que Liberta, Já Dizia o Profeta”

 
Receio que o post de hoje seja muito mais um desabafo pessoal do que qualquer outra coisa. De qualquer forma acho legítimo externalizar o meu incômodo, principalmente porque, preciso respeitar o propósito que estabeleci para as minhas escritas: “falar sobre o que tivesse vontade sem quaisquer restrições”.
Já faz algum tempo que tenho refletido sobre o que vem acontecendo com o comportamento humano. Posso garantir que isto tem tomado meus pensamentos não somente por ser inerente a minha profissão...
A questão central é que tenho visto e vivido situações com pessoas que têm me gerado um desconforto grande e todas elas giram em torno de um fator central: falta de integridade, respeito e amor.
Ou estava míope para muitas coisas ou a situação piorou drasticamente nos últimos anos. O que mudou de uns tempos para cá?
O jeitinho brasileiro virou um meio de vida e ele nem sempre diz respeito apenas a “achar um meio”, está totalmente permeado de malandragem, desonestidade e busca de favorecimento próprio.
As palavras “bom dia, desculpa, com licença, por favor, muito obrigado(a)” parecem ter caído em desuso.
A generosidade, bondade e gentileza não são valorizadas e aqueles que as praticam aparecem em segundo plano, sendo sobrepostos pelos inúmeros maus exemplos que temos hoje em dia.
Abro um parêntese:
(Eu fui criada em princípios cristãos, por mais defeitos que todas as famílias possam ter (inclusive a minha), considero que tive o que chamamos de “berço”.
Fui corrigida e orientada quando cometi falhas, recebi broncas, castigos e alguns tapinhas e isso não me tornaram delinquente.
Brincávamos em ruas de bairro, íamos de um lugar a outro a pé sem medo de sermos assaltados, estuprados, sequestrados, agredidos.
A escola me ensinou não somente as matérias para passar no vestibular, mas reforçou o valor da disciplina e do respeito que começaram em casa. Jamais ousávamos questionar a rigidez de um professor, nunca dissemos a ele que quem pagava o salário dele eram nossos pais e que por isso estavam lá para nos servir.)
Pergunto de novo: o que mudou de uns anos para cá?
Dia desses estava em uma loja de departamentos agachada para pegar um produto na parte mais baixa de uma prateleira e uma mulher passou, meteu sua bolsa na minha cabeça, perdi o equilíbrio e quase cai no chão e a senhora, nem ao menos olhou em minha direção, continuou em seu caminho como se nada tivesse acontecido. Se ela não tivesse notado, ok, mas ela viu e ignorou, o que é muito pior.
Na semana passada, uma funcionária virou para seu superior e disse: “tenho um compromisso pessoal e como serei descontada das horas que estiver ausente, depois que sair do meu compromisso, vou passar no médico e pego um atestado qualquer, assim você não tem o que fazer.” Se não bastasse isso, fez questão de debochar do chefe com os colegas de trabalho dizendo: “ele (supervisor) vai ter que engolir o atestado”, emendando com uma grande gargalhada.
Ontem parada no congestionamento vi uma família descendo do seu carro recém estacionado. A mãe pegou a filha de aproximadamente uns 7 anos pelo braço para levá-la até a calçada, mas ela não foi conduzida pela mãe, ela foi arrastada e como o degrau da calçada era alto para as pernas da menina, ao tentar subir, tropeçou, caiu e perdeu um de seus chinelinhos. Naturalmente começou a chorar e ouviu “gentilmente” o comentário da sua mãe para o pai: “essa menina é doida”. Que tipo de pessoas pretendemos formar para o mundo dessa maneira? Que valores passamos para estes pequeninos?
Estas são somente algumas situações bobas que vieram a minha cabeça agora, mas são casos que ultimamente têm deixado de ser exceção...
Sempre me considerei com uma dose bem grande de otimismo e acreditava verdadeiramente que apesar de tudo, “os bons são a maioria” e o fato de estar duvidando disto ultimamente, tem me deixado bastante incomodada.
Diante disso, meus poucos e bons, desafio vocês a realizar a cada dia um ato simples de generosidade, uma gentileza sem interesses ou um carinho sem esperar nada em troca.


Dê a passagem para alguém no trânsito, pense duas vezes antes de buzinar e xingar. Ajude alguém com dificuldades a atravessar a rua, auxilie uma pessoa idosa com suas sacolas de compras de supermercado. Abra um sorriso para um desconhecido, fale bom dia para aqueles com quem trabalha. Elogie alguém que você gosta, deixe as pessoas lembrarem de você pelas coisas boas que saem da sua boca. Doe as roupas e sapatos que não usa mais. Comece com o simples, com o que devia ser natural...
E se puder, agradeça todos os dias pela sua capacidade de se indignar.
Peço que Deus permita que eu não me acostume e nem ache natural tudo de torto que tem acontecido no mundo ao nosso redor. Pois enquanto houver incômodo, há atitude e portanto, há esperanças...