Receio
que o post de hoje seja muito mais um desabafo pessoal do que qualquer outra
coisa. De qualquer forma acho legítimo externalizar o meu incômodo, principalmente
porque, preciso respeitar o propósito que estabeleci para as minhas escritas: “falar
sobre o que tivesse vontade sem quaisquer restrições”.
Já
faz algum tempo que tenho refletido sobre o que vem acontecendo com o
comportamento humano. Posso garantir que isto tem tomado meus pensamentos não
somente por ser inerente a minha profissão...
A
questão central é que tenho visto e vivido situações com pessoas que têm me
gerado um desconforto grande e todas elas giram em torno de um fator central: falta de integridade, respeito e amor.
Ou
estava míope para muitas coisas ou a situação piorou drasticamente nos últimos
anos. O que mudou de uns tempos para cá?
O
jeitinho brasileiro virou um meio de vida e ele nem sempre diz respeito apenas
a “achar um meio”, está totalmente permeado de malandragem, desonestidade e busca
de favorecimento próprio.
As
palavras “bom dia, desculpa, com licença, por favor, muito obrigado(a)” parecem
ter caído em desuso.
A
generosidade, bondade e gentileza não são valorizadas e aqueles que as praticam
aparecem em segundo plano, sendo sobrepostos pelos inúmeros maus exemplos que
temos hoje em dia.
Abro um parêntese:
(Eu fui criada em princípios cristãos, por mais defeitos
que todas as famílias possam ter (inclusive a minha), considero que tive o que
chamamos de “berço”.
Fui corrigida e orientada quando cometi falhas, recebi
broncas, castigos e alguns tapinhas e isso não me tornaram delinquente.
Brincávamos em ruas de bairro, íamos de um lugar a outro a
pé sem medo de sermos assaltados, estuprados, sequestrados, agredidos.
A escola me ensinou não somente as matérias para passar no
vestibular, mas reforçou o valor da disciplina e do respeito que começaram em
casa. Jamais ousávamos questionar a rigidez de um professor, nunca dissemos a
ele que quem pagava o salário dele eram nossos pais e que por isso estavam lá
para nos servir.)
Pergunto
de novo: o que mudou de uns anos para cá?
Dia
desses estava em uma loja de departamentos agachada para pegar um produto na
parte mais baixa de uma prateleira e uma mulher passou, meteu sua bolsa na minha
cabeça, perdi o equilíbrio e quase cai no chão e a senhora, nem ao menos olhou
em minha direção, continuou em seu caminho como se nada tivesse acontecido. Se
ela não tivesse notado, ok, mas ela viu e ignorou, o que é muito pior.
Na
semana passada, uma funcionária virou para seu superior e disse: “tenho um
compromisso pessoal e como serei descontada das horas que estiver ausente,
depois que sair do meu compromisso, vou passar no médico e pego um atestado
qualquer, assim você não tem o que fazer.” Se não bastasse isso, fez questão de
debochar do chefe com os colegas de trabalho dizendo: “ele (supervisor) vai ter
que engolir o atestado”, emendando com uma grande gargalhada.
Ontem
parada no congestionamento vi uma família descendo do seu carro recém
estacionado. A mãe pegou a filha de aproximadamente uns 7 anos pelo braço para
levá-la até a calçada, mas ela não foi conduzida pela mãe, ela foi arrastada e
como o degrau da calçada era alto para as pernas da menina, ao tentar subir,
tropeçou, caiu e perdeu um de seus chinelinhos. Naturalmente começou a chorar e
ouviu “gentilmente” o comentário da sua mãe para o pai: “essa menina é doida”.
Que tipo de pessoas pretendemos formar para o mundo dessa maneira? Que valores
passamos para estes pequeninos?
Estas
são somente algumas situações bobas que vieram a minha cabeça agora, mas são
casos que ultimamente têm deixado de ser exceção...
Sempre
me considerei com uma dose bem grande de otimismo e acreditava verdadeiramente
que apesar de tudo, “os bons são a
maioria” e o fato de estar duvidando disto ultimamente, tem me deixado
bastante incomodada.
Diante disso,
meus poucos e bons, desafio vocês a realizar a cada dia um ato simples de
generosidade, uma gentileza sem interesses ou um carinho sem esperar nada em
troca.
Dê a passagem para alguém no trânsito, pense duas vezes antes de buzinar e xingar. Ajude alguém com dificuldades a atravessar a rua, auxilie uma pessoa idosa com suas sacolas de compras de supermercado. Abra um sorriso para um desconhecido, fale bom dia para aqueles com quem trabalha. Elogie alguém que você gosta, deixe as pessoas lembrarem de você pelas coisas boas que saem da sua boca. Doe as roupas e sapatos que não usa mais. Comece com o simples, com o que devia ser natural...
Dê a passagem para alguém no trânsito, pense duas vezes antes de buzinar e xingar. Ajude alguém com dificuldades a atravessar a rua, auxilie uma pessoa idosa com suas sacolas de compras de supermercado. Abra um sorriso para um desconhecido, fale bom dia para aqueles com quem trabalha. Elogie alguém que você gosta, deixe as pessoas lembrarem de você pelas coisas boas que saem da sua boca. Doe as roupas e sapatos que não usa mais. Comece com o simples, com o que devia ser natural...
E se
puder, agradeça todos os dias pela sua capacidade de se indignar.
Peço
que Deus permita que eu não me acostume
e nem ache natural tudo de torto que tem acontecido no mundo ao nosso
redor. Pois enquanto houver incômodo, há atitude e portanto, há esperanças...