quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Ao Envelhecer, É Preciso Endurecer?


Celebrar mais um ano de vida sempre me faz refletir... A reflexão deste último aniversário me trouxe a lembrança de que costumava levar a vida de uma maneira bem mais leve quando era mais jovem, quando criança então, nem se fala.

Ao olhar para minha infância lembro de tudo com alegria, até dos momentos não tão bons. Tinha uma boa dose de imprudência e ousadia, agia sem pensar nas consequências, era até petulante às vezes, resiliente diante das broncas e conflitos, me contentava com pequenos “mimos e carinhos” e isto coexistia numa criança que também era responsável, educada e basicamente feliz.

É claro que alguns comportamentos são próprios da infância e que se mantidos na vida adulta não fazem mais sentido ou não são aceitos, como a inconsequência, por exemplo. Hoje temos responsabilidade por nossa casa, trabalho, pessoas, dívidas, etc. Mas a pergunta que não quer calar é: será mesmo que  ao envelhecer, é preciso endurecer? 

Há algumas semanas atrás estava me planejando para uma viagem internacional a trabalho e comecei a pensar sobre tudo que precisava organizar: 
  • Será que essa roupa é apropriada?
  • Será que aguento carregar essa mala sozinha?
  • Será que vou saber me comunicar do jeito que preciso com as pessoas?
  • Será que se não quiser ir nos eventos vou parecer antissocial?
  • Será que compro tudo que tenho vontade?
  • Será que consigo isto? Será que é melhor fazer aquilo? E mais um monte de neuras...

Até que chegou o ponto do “Peraiiiiii!!!!” e uma pergunta me alfinetou: há 6 anos atrás você passou pela mesma situação, era mais jovem, mais imatura, menos experiente, tinha menos jogo de cintura e tirou isto de letra:

Menina, você está regredindo?” 

Por que em vez de me sentir mais segura, mais confiante, mais preparada, hoje tenho mais medo, mais prudência, mais rigidez?

Cheguei a conclusão de que a minha atitude diante das situações é de tamanho controle que não podia aceitar que nada desse errado ou fugisse das minhas rédeas de previsibilidade. O que realmente mudou foi a minha maneira de encarar as coisas, única e exclusivamente.

Tenho consciência de que é o meu olhar para o mundo e para as coisas que vai me fazer agir com leveza ou dureza, que vai me fazer tirar de letra um problema ou ruminá-lo por dias a fio.

Recentemente postei uma frase que vem totalmente a contribuir para este post: “Não há penitência maior do que aquela que Deus coloca em nosso caminho todos os dias”. Para mim, estas circunstancias dificilmente são evitáveis, ou seja, iremos enfrentá-las cedo ou tarde. Já a maneira como faremos é o que vai fazer toda a diferença. 

Anda, sacode a poeira e dá a volta por cima resolveria bem os percalços que encontramos ao longo da vida. É simples assim? Obviamente que não, mas vale a pena agir de outra maneira? Creio que não, também!

Criar mais penitências, mais empecilhos, mais dificuldades do que as que já existem na vida é quase que uma autopunição.

Seria ótimo se pudéssemos percorrer a nossa vida como no filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”: deixando a nossa alma cada dia mais jovem, mais leve, mais serena e com uma pureza e inocência dignas da infância e que a dureza, rigidez e falta de mobilidade, ao longo dos anos, deixássemos para trás. 

Prometo que se aprender o caminho, conto para vocês...

Ah, este é um filme que vale a pena assistir!

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